Habitação para idosos é alvo de novos conceitos
Atualmente, duas características se destacam entre os idosos. A primeira é a tendência de morarem sozinhos, principalmente os de baixa renda, que muitas vezes acabam vivendo em favelas ou cortiços, sem condições próprias às suas necessidades. A segunda diz respeito à opção dessa faixa da população por morar no centro da cidade.
Tais considerações são encontradas no estudo da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da Universidade de São Paulo (USP), que desenvolve o conceito de Núcleo-Base. Trata-se de conjunto composto por construções habitacionais pensadas para suprir as necessidades dos idosos, e melhorar as suas condições de moradia. Ao mesmo tempo, a proposta busca reinserir o idoso na sociedade, por meio de sua integração ao grupo social onde é contextuado.
O conceito de Núcleo-Base foi desenvolvido em função das duas características básicas identificadas pelo estudo junto ao público alvo, e consiste na construção de 12 unidades de habitação, cada qual com capacidade para dois moradores. A partir deste início, outros Núcleos-Bases podem ser agregados, até que comunidades maiores sejam formadas.
“A ideia é que junto aos núcleos haja serviços de cultura, lazer e apoio para as necessidades do cotidiano, como auxílio para cozinhar, limpar a casa, lavar roupas, tomar remédios”, aponta a arquiteta Camila Mie Ujikawa, autora da tese: Vila dos Anciãos: intervenção urbana em área degradada, destinada à habitação e convívio de idosos.
A pesquisa propõe a construção dos núcleos em áreas centrais de cidades – em princípio uma resposta à tendência de moradia dos idosos, “onde os aluguéis não são muito caros”. De acordo com a arquiteta, nessas regiões há muitos locais abandonados e, em geral, predominam o comércio e os serviços. “A concentração de serviços, como hospitais e locais mais baratos para comer, também facilita”, explica.
Assim, diz a arquiteta, o Núcleo-Base é uma opção de revitalizar áreas degradadas do centro e, ao mesmo tempo, promover melhores condições de habitação na região. Ela ressalta que é comum, em projetos de arquitetura cujo objetivo é a revitalização de áreas centrais, haver uma expulsão da população de baixa renda, situação que, afirma, pode mudar.
“As intervenções urbanas tendem a enobrecer a região e, pela falta de condições financeiras de permanecer ali, as pessoas acabam deixando o local”, declara a arquiteta, e completa: “Por meio do urbanismo, a expulsão não precisa ocorrer, pois pode haver integração”.
Remoção de obstáculos – Os estudiosos partem do princípio que uma residência onde moram idosos deve ter adaptações que lhes facilitem a rotina. O conceito desenvolvido pelo estudo da FAU sugere a construção de unidades habitacionais com corredores mais largos, banheiro maior e cozinha integrada à sala. “A ideia é reduzir ao mínimo a ajuda de que necessita o idoso. Por isso, a cadeira de rodas foi muito considerada, para que uma pessoa com mobilidade reduzida possa se locomover com maior facilidade”, explica a arquiteta Camila Ujikawa.
O Núcleo-Base também visa melhorar as condições sociais desta população, não só porque os idosos passariam a conviver uns com os outros, mas porque o projeto leva em conta gostos, hábitos e necessidades. “Foram identificados itens que, a partir de um Núcleo-Base, possam gerar diversos espaços e grupos sociais, de acordo com a população e a área em que será inserido”, observa Camila Ujikawa, que teve sua tese orientada por Gian Carlo Gasperini, professor aposentado do Departamento de Projeto da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da universidade de São Paulo.
Fonte: R7
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