Novo síndico é jovem e substitui livro da portaria por e-mail

Condomínios optam por dinamismo e profissionalização para evitar problemas

Nos últimos meses, a vida nos condomínios ganhou diferentes personagens. O síndico, que antes era conhecido por ser um senhor de idade ou aquela aposentada ranzinza, agora é mais jovem, dinâmico e chega até a usar internet para controlar as polêmicas criadas pelos moradores.

De acordo com pesquisa da Lello Condomínios, que administra cerca de 1.200 condomínios na Grande São Paulo e no Guarujá, 8% dos síndicos tem menos de 30 anos, quase a mesma quantidade dos que tem mais de 60, que é de 9%.

Ao mesmo tempo, o total de síndicos com menos de 50 anos passou de 56% em 2008 para 64% nos dias de hoje. Já entre os que passaram a casa dos cinquenta, a porcentagem diminuiu de 32% para 27%.

Para Hubert Gebara, vice-presidente de Administração Imobiliária e Condomínios do Secovi-SP (Sindicato da Habitação), a mudança do perfil faz parte das transformações do mercado.

“O perfil novo se adequa aos prédios mais modernos. O mercado mudou, o síndico tem que mudar. Antigamente, você lidava com 40, 50 famílias, hoje tem condomínios com até mil famílias. As responsabilidades aumentaram muito com o novo Código Cívil”.

Omar Anauate, diretor de condomínios da AABIC (Associação de Administração de Bens Imóveis e Condomínios de São Paulo), aponta outro motivo para esta mudança.

“Normalmente, quem compra mais os lançamentos são os jovens, logo, os síndicos serão também dessa faixa etária. E assim, se desvincula da imagem do síndico aposentado, da síndica dona de casa, que eram escolhidos porque tinham tempo disponível”.

Dentro desse rejuvenescimento da ocupação, o diretor da AABIC aponta um novo aliado dos síndicos.

“Hoje dá pra se resolver muita coisa chata por e-mail. O grupo de e-mails do prédio vem substituindo o livro de sugestões da portaria. E assim, dá pra ser síndico sem ocupar tanto tempo”.

Recompensa

Como recompensa ao trabalho exaustivo que inclui analisar orçamentos, aprender sobre todo tipo de construção ou reforma e, principalmente, traçar prioridades ouvindo pacientemente a opinião dos moradores, o síndico geralmente ganha a isenção do condomínio, que pode variar entre R$ 150 e R$ 500, gerando uma economia extra por mês ou então mais dinheiro para gastar no final de semana.

Em alguns casos, além da isenção, ele ganha uma ajuda de custo. Outros condomínios optam pela remuneração, o que acarreta mais responsabilidade ainda.

Profissionalização

Outros condomínios preferem a profissionalização da administração. Para o diretor da AABIC, essa mudança faz parte da valorização do síndico.

“Essa ocupação foi mais valorizada. É uma peça importante, que chega a prestar serviços personalizados, para facilitar a vida dos condôminos”.

Já o vice-presidente do Secovi, Hubert Gebara, acredita que o síndico “profissional” é escolhido em poucos casos.

“A maioria deles é do condomínio e conta com ajuda de uma administradora. Prédios muito grandes, que precisam de maiores cuidados ou então muito pequenos, onde ninguém quer ser síndico, são os que optam pela contratação”.

Já é até possível fazer cursos e treinamentos para se tornar síndico profissional. Genival de Souza, professor da FMU, que já deu aulas para futuros síndicos, diz que o rendimento pode chegar a R$ 5 mil.

“O profissional é prestador de serviços contratados, precisa ter conhecimentos de administração, contabilidade e direito. Outra coisa que vale ressaltar é que praticar ética se tornou um diferencial”.

Fonte: Clip Imobiliário